Existem “kits” de emergência para os pacientes com alergia?
Esta é uma pergunta difícil, visto que para cada manifestação de alergia, ou para cada tipo de crise, o tratamento pode ser diferente. Vamos pegar como exemplo duas reações alérgicas agudas que tem um grande potencial de complicar: asma e anafilaxia.
A asma ocorre por um processo inflamatório das vias aéreas inferiores (pulmões), resultando em broncoespasmo. Ou seja, os brônquios se “contraem” dificultando a passagem do ar. Isso resulta em sintomas como falta de ar, cansaço, chiado no peito e tosse. Um crise de asma que não é tratada pode evoluir, em alguns casos, até para insuficiência respiratória. Então, é fundamental que o tratamento da crise seja rápido e eficaz, e para isso é necessário um broncodilatador de ação rápida. O “kit” neste caso pode ser composto apenas por um medicamento, que irá ajudar a aliviar os sintomas. Algumas vezes isso é suficiente, outras não, sendo necessário procurar um pronto-socorro, onde o paciente poderá receber outras medicações de uso hospitalar e oxigênio.
No caso da anafilaxia, uma reação sistêmica (generalizada), que pode evoluir com choque e até morte, o tratamento de escolha é sempre a adrenalina. A anafilaxia pode ocorrer em ambientes mais ou menos favoráveis, dependendo do desencadeante. Nos casos de anafilaxia por alimentos ou veneno de insetos (abelha, vespa e formiga), o trajeto até o hospital pode ser longo ou demorado, retardando o início do tratamento. Isso pode resultar numa evolução mais grave e desfavorável. Nestes casos existe a indicação do paciente portar um dispositivo de adrenalina auto-injetável, que é o “kit” essencial para estas situações.
Tratamento de alergia não é “receita de bolo”! Cada caso deve ser avaliado e tratado individualmente, e tão importante quanto o tratamento das crises é a prevenção das mesmas. Por isso é importante que um especialista seja sempre consultado.